2.8.06

Você precisa de um amante!

"Hay que buscarse un amante"
Muitas pessoas têm um amante e outras gostariam de ter um. Há também as que não têm, e as que tinham e perderam.

Geralmente são essas últimas as que vêem ao meu consultório para me contar que estão tristes ou que apresentam sintomas típicos de insônia, apatia, pessimismo, crises de choro ou as mais diversas dores.

Elas me contam que suas vidas transcorrem de forma monótona e sem perspectivas, que trabalham apenas para sobreviver e que não sabem como ocupar seu tempo livre. Enfim, são várias as maneiras que elas encontram para dizer que estão simplesmente perdendo a esperança.

Antes de me contarem tudo isto, elas já haviam visitado outros consultórios, onde receberam as condolências de um diagnóstico firme: "depressão", além da inevitável receita do antidepressivo do momento.

Assim, após escutá-las atentamente, eu lhes digo que elas não precisam de nenhum antidepressivo; digo-lhes que elas precisam de um amante!

É impressionante ver a expressão dos olhos delas ao receberem meu conselho. Há as que pensam: "como é possível que um profissional se atreva a sugerir uma coisa dessas?!" há também as que, chocadas e escandalizadas, se despedem e não voltam nunca mais.

Àquelas, porém, que decidem ficar e não fogem horrorizadas, eu explico o seguinte: amante é "aquilo que nos apaixona". É o que toma conta do nosso pensamento antes de pegarmos no sono e é também aquilo que, às vezes, nos impede de dormir. O nosso amante é aquilo que nos mantém distraídos em relação ao que acontece à nossa volta. É o que nos mostra o sentido e a motivação da vida.

Às vezes encontramos o nosso amante em nosso parceiro, outras, em alguém que não é nosso parceiro, mas que nos desperta as maiores paixões e sensações incríveis.

Também podemos encontrá-lo na pesquisa científica ou na literatura, na música, na política, no esporte, no trabalho, na necessidade de transcender espiritualmente, na boa mesa, no estudo ou no prazer obsessivo do passatempo predileto...

Enfim, é "alguém" ou "algo" que nos faz "namorar" a vida e nos afasta do triste destino de "ir levando".

E o que é "ir levando"? Ir levando é ter medo de viver. É o vigiar a forma como os outros vivem, é o se deixar dominar pela pressão, perambular por consultórios médicos, tomar remédios multicoloridos, afastar-se do que é gratificante, observar decepcionado cada ruga nova que o espelho mostra, é se aborrecer com o calor ou com o frio, com a umidade, com o sol ou com a chuva.

Ir levando é adiar a possibilidade de desfrutar o hoje, fingindo se contentar com a incerta e frágil ilusão de que talvez possamos realizar algo amanhã.

Por favor, não se contente com "ir levando"; procure um amante, seja também um amante e um protagonista... Da sua vida...

Acredite: o trágico não é morrer; afinal a morte tem boa memória e nunca se esqueceu de ninguém.

O trágico é desistir de viver; por isso, e sem mais delongas, procure um amante...

A psicologia, após estudar muito sobre o tema, descobriu algo transcendental:
"Para se estar satisfeito, ativo e sentir-se jovem e feliz, é preciso namorar a vida."
Dr. Jorge Bucay
Tradução do original "Hay que buscarse un Amante"
www.bucay.com

Engraçado como a "terapia" sugerida pelo Dr. Jorge Bucay, foi a mesma que eu busquei para mim em 2004, quando depois de "trocentos" problemas pessoais, eu acabei entrando em uma crise depressiva das brabas. Fechei-me como um caramujo (mais do que já sou fechada), chorava sem motivo aparente, não tinha apetite, não tinha vontade de fazer nada, não dormia, vivia irritada, não ria, tinha dores de cabeça que nunca passavam, cada dia aparecia uma dor em algum lugar do corpo.

Após alguns exames, fui encaminhada a uma Neurologista que me receitou alguns calmantes e antidepressivos e também me encaminhou para um psicólogo. Ainda no consultório da Neurologista, eu disse a ela que não prescrevesse medicamentos e terapias, porque seria perda de tempo, pois eu não iria tomar as tais drogas e nem iria à terapeuta algum. Ela insistiu e disse que eu tinha que seguir suas "recomendações", pois eu estava "a ponto de ser internada" (nesta época a Bel e a Dodora, diziam que eu parecia um zumbi). Eu mantive a minha posição e disse a ela que se meu problema era depressão e stress, que eu sabia exatamente do que eu estava precisando. Eu disse a Neurologista, que eu precisava respirar, que eu precisava parar de me preocupar com terceiros e pensar em mim, que eu precisava fazer coisas que eu gostava e estar com quem eu gostava. Que eu precisava produzir e "colocar pra fora" tudo que eu tinha vontade de dizer e fazer.

Bom... Depois daquele dia eu nunca mais voltei ao consultório da Neurologista, mas criei meus Blogs, voltei a escrever, desenhar, estudar, trabalhar, decidi que estava na hora de sair do CDH, voltei a caminhar a esmo que me faz tão bem, acabei com aquilo que diziam ser "um relacionamento de quase 20 anos", voltei a ouvir as músicas que gosto e não as que o modismo impõe, deixei de ter medo de perder a pessoa que amo e troquei este medo, por confiança.

Enfim, algum tempo depois eu me sentia viva novamente e sem precisar me drogar ou de longas terapias.
Eu apenas precisava amar a mim mesma.


O Texto do Dr. Jorge Bucay, me foi enviado pelo grande, louco e adorado amigo Vicente (vulgo Dragão) em um pps, na lista dos "Indeletáveis OC's Team". Bom... Vocês devem estar se perguntando: se a lista é de um grupo de OC (Over Clock), pq um texto desses? Eu explico: é que depois de tantos anos "juntos diariamente", seja na lista, nos fóruns, nos IMs da vida, fica meio que difícil só falarmos sobre Hardware e afins. Qualquer dia desses, com a permissão do grupo todo, eu irei escrever sobre os "Indeletáveis" e postar aqui.

Dragão, como eu havia dito na lista, o texto do Dr. Jorge Bucay e o meu comentário sobre o mesmo, estão aí.

Bjs

7 comentários:

Anônimo disse...

Que pena... eu deveria ter descoberto seu blog antes. Estaria apreciando a leitura a mais tempo.

Terei muito historico para ler nestes dias.


Gostei muito.
Ganhou hoje, um leitor a mais.

Sil disse...

Zu,
Realmente a receita é muito boa e como você pode ver no post, digo isso por experiência própria. Só é uma pena que a maioria das pessoas não tenham força interior para "sair do poço" sozinhas e acabam passando a vida inteira dependentes de ajuda de terceiros. Muitas vezes estas precisam de um "sacolejo da vida", para acordar e seguir em frente.

Bom, gostaria de deixar claro, que estou ciente que pessoas com disfunções neurológicas precisam sim de acompanhamento médico/ terapêutico e que não sou contra os tratamentos convencionais nestes casos. Porém, acho que os médicos e terapeutas de um modo geral, precisam começar a reciclar a forma de tratamento para patologias temporárias e assim não as transformando em quadros crônicos.


Ronaldo,
É muito bom receber comentários como o seu, pois dessa forma sei que estou no caminho certo, na seleção dos textos que posto aqui no Blog. Mas não deixe de criticar e se opor ao meu modo de pensar quando você achar que deva. Pois da mesma forma que os elogios, as críticas servem como um termômetro para uma avaliação pessoal.

Ah! Andei "fuçando" o seu blog/sites e confesso que você ganhou uma leitora a mais. =P

Bjs a todos

Anônimo disse...

Amei de paixão este texto e realmente é verdade,um amnte faz vc ter vida, sonhos e conquista eu estou passando por esta experiencia e esta sendo fascinante..................Beijos


Marilucia

Flavia Vizzari disse...

tutto molto interessante ;o)))

Sil disse...

Ciao Flavia, sii benvenuta e sono contenta che ti piace il mio angolino.

Bacini

Anônimo disse...

Belíssimos texto/reflexão/conselho/atitude de vida.

Unknown disse...

Só d poa RS se precisa d amante chama no gmail