16.1.05

Fronteiras do bem e do mal


Bem..., cá estou eu mais uma vez as voltas com o Biel na NET.
Para quem ainda não conhece, o Biel é um cidadãozinho brasileiro, que exatamente dentro de 11 dias ele estará completando cinco aninhos, apesar de ser bem esmirradinho e aparentar três. Este cidadãozinho é meu filho caçula.

Os que conhecem o Biel sabem que o mesmo é hiper - tudo: Hiperativo, hiper-carinhoso, hiper-levado, hiper-bruto, hiper-inteligente, hiper-safo, ... Pra resumir ele é hiper qualquer coisa que vocês possam imaginar em relação a uma criança completamente saudável. Ai ai ai a Bel e Sra. Neli que o digam hehehe

Mas corujices maternas a parte, vamos ao que interessa:
Como citei a pouco o Biel é muito carinhoso e criou um hábito próprio de me oferecer “flores”, sendo que as mesmas podem ser: uma flor colhida do jardim de um vizinho, como uma simples folha de árvore ou mesmo um matinho colhido da alguma calçada, o que importa para o Biel e demonstrar o carinho que tem por mim. Porém Eu não acho certo que ele retire as plantinhas do seu habitat natural, mesmo que seu intuito seja dos melhores e tomei a seguinte posição:

Disse a ele que toda vez que ele quiser dizer que me ama, que ele me dê um beijo e um forte abraço, pois não era certo colher as plantinhas ou flores, pois elas acabariam morrendo e não era isso que nós queríamos.

Pois bem, ele concordou e passou a me dar “trilhões” de beijos por dia, às vezes pede que eu feche os olhos e que me abaixe e me lasca um SMACK! Daqueles. Penso eu hoje, que o lance das plantinhas está resolvido.

Porém da mesma forma que ele é carinhoso ele é muito bruto, principalmente com os animais que ele tanto gosta, às vezes comparamos o Biel com a personagem Felícia dos desenhos animados, pois ele age igualzinho a ela. Por exemplo: para dar um abraço em uma de nossas cadelas ele acaba por enforcá-la antes de lascar um beijo na ponta do focinho da pobre coitada, que depois acaba por sair cambaleante. E devido ao fato de saber que esse carinho-bruto pode vir a nos trazer complicações com animais de terceiros, tenho orientado ao Biel, dizendo que os animaizinhos sentem dor, choram, igual a ele e coisas do tipo. Tenho dito também, que devemos ter muito carinho com os animais e que não devemos maltratá-los sob hipótese alguma e que também não devemos igualmente as plantinhas, retirá-los de seu habitat natural, pois os mesmo morreriam e como com as plantinhas não era isso que nós queríamos.

Com as plantinhas deu certo de estalo, já com os amiguinhos animais está sendo um pouco mais complicado, mas ele está caminhando ....

Voltemos ao Biel:
Hoje eu preparando o almoço de domingo, o Biel parou no meio da cozinha e ficou a me observar por alguns segundos e começou com a sabatina:
- Mãe...! Batata é plantinha?
- Sim Biel, batata é plantinha.
- Cebola é plantinha?
- Sim, cebola também é plantinha.
Silêncio por alguns segundos e ele me observa temperar o peixe que seria nosso almoço.
- Mãe...! Esse peixe é igual ao que tem lá na praia?
- É sim...
- E quem trouxe ele de lá? Diz ele indignado com os bracinhos cruzados à altura do peito.
- Papai comprou no mercado.
- Ahhh... E quem levou o peixinho para o mercado?
- O moço que pescou o peixe. Respondi já começando a achar que algo vinha por trás da sabatina.
- E quando o moço pesca o peixinho lá na praia ele mata o peixinho?
- Sim Biel, quando retiramos o peixinho da água da praia ele morre.
- Mãe, mas batata é plantinha né?
- Sim eu já disse que é.
- Mãe..., porque o moço mata o peixinho?
Comecei a ficar preocupada, com a insistência no assunto e respondi.
- Ele não mata o peixinho, o peixinho morre porque é retirado da água. E o moço só pesca por que nós precisamos comer para ficarmos fortinhos.
Após essa minha resposta o Biel me olhou de forma inquiridora apertando os olhinhos e muito desconfiado saiu da cozinha sem dizer mais nada.

Pois bem, depois disso comecei a refletir aonde ele queria chegar. Acho que sei.... e estou me perguntando desde aquele instante:

Como fazer uma criança aos seus quase cinco anos entender o limite entre o bem e o mal, se eles estão bem próximos e não existe uma fronteira visível?


Pensar.... Pensar....

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