17.9.05

Eu tive um sonho...


Por: Luciano Carvalho

Estamos no ano de 2015. Eliana, uma jovem engenheira, mantém uma entrevista com Jonas, engenheiro-sênior, uma lenda viva em sua especialidade. Eliana apesar de jovem, foi graduada por uma das melhores escolas de engenharia do mundo - o ensino de sua época tornou-se globalizado - possui ainda, título de mestre em síntese de materiais e de doutorado na mesma área. Tudo que ela esperava era por uma oportunidade de trabalhar em seu campo de especialização, colocando em prática o embasamento teórico, conseguido através de investimentos pessoais bastantes relevantes.

Sabedora de suas qualificações, ela acreditava que conseguir este trabalho, era uma tarefa com grande probabilidade de êxito. Sentia-se particularmente satisfeita em poder trabalhar com Jonas, seu ex-professor e mentor. Esta convivência anterior permitiu fluir de ambos uma sinergia imediata.

O olhar de Jonas, como para uma filha, era de admiração por sua ex-aluna, ainda porque, Eliana era filha de Marcos, um colega de trabalho e amigo, que resolvera dar volta ao mundo a bordo de um veleiro e viver por tempo indeterminado deste modo.

Ao ver aquela menina dissertar sobre teorias, sobre seus descobrimentos, sobre o seu encantamento geral, o fez relembrar do seu próprio deslumbramento, de quando ainda era jovem e havia ingressado aqui na organização. Mas algo que ela disse, particularmente prendeu a atenção de Jonas, quebrou-se de momento a barreira do tempo, fazendo-o voltar ao passado e reviver os momentos iniciais de sua vida profissional.

Eliana havia comentado que seu pai, mesmo sendo um grande entusiasta do próprio trabalho, não teria passado para ela a exata sensação do que isto representava, mais, o que era a instituição. Ela dissertava sobre a empresa e suas instalações impecáveis, sobre a divisão organizacional inovadora, sobre a tecnologia de ponta utilizada, sobre a produtividade e motivação de todos.

Enfatizou a atenção que a organização dedicava as pessoas, estando isto impresso física e culturalmente em tudo. Também sobre o modo de como foi recepcionada pelos profissionais, alguns velhos conhecidos de seu pai e outros não. Parecia haver uma cumplicidade de todos para que ela se sentisse parte deste todo.

Jonas ouvia muito atentamente o que lhe era narrado, e, num universo paralelo reviu todo o processo que levou a organização à este estado sinérgico atual. Lembrou que tudo nem sempre foi assim. No início a empresa muito jovem ainda, como a maioria das pessoas que nela trabalhavam, carecia de experiência e transbordava energia. Ela nascera e existia em função de um grande desafio tecnológico atrelado a um contrato vital.

O entusiasmo e o ego das pessoas, por sentirem-se competentes e capazes de sobreviver àquele desafio, às vezes, afastavam-nas de outras coisas tão quanto importantes dentro de uma organização social. Não que aquela visão imediatista estivesse certa ou errada, pode ser até que para o momento, fosse a única escolha, considerando o caráter de urgência e a incerteza intrínseca dos projetos.

Por que as pessoas conviviam de forma latente com pressões de variadas origens, o clima organizacional foi se tornando tenso, carregado de pequenos descontentamentos e decepções, fazendo com que elas se sentissem sozinhas e tivessem a percepção de que em última estância só poderiam contar consigo mesmas.
O que pode parecer ser inicialmente um contra-senso, graças a algumas perdas importantes, esta situação foi aos poucos sendo percebida pelas pessoas, que ao olharem para trás, perguntaram-se:

- O que estamos fazendo com as nossas vidas?
Por que este modo de vida, não fazia parte da expectativa inicial de ninguém.

Então porque não mudar? Então porque não empregar energia para reverter esta situação? Algumas respostas para estas perguntas foram: Por que não tenho tempo; por que não sou especialistas nisto; por que o problema não é meu, além do mais este estado faz parte deste tipo de negócio; por que pretendo mudar de emprego... Uma coleção de motivos rapidamente apareceu.

E até o despertar de todos, uma outra coleção se formou, a de perdas acumuladas. A situação ficou de certa forma insustentável. Por isso, reuniram-se pessoas em torno da busca por soluções para o problema. E ele foi sendo delineado e resolvido, ponto-a-ponto, fato-a-fato, dia-a-dia, como parte de um grande plano para o encontro com uma realização maior.

E o tempo passou, assim como desafios, contratempos e vitórias, mas pessoas e bons momentos ficaram na lembrança e na vida de todos. Estas pessoas pouco se aperceberam das mudanças, por que foi um processo evolutivo, por que foi pelo amadurecimento.

Graças a elas hoje existe esta realidade. Por que ousaram questionar, distinguir o que era verdadeiramente importante em suas vidas e partir em busca da realização de seus sonhos.

*Eu tive um sonho... Martin Luther King foi autor da frase, que deu o título a esta ficção

Realize sua própria experiência passo a passo:

1º Passo: Sozinho exercite sua opção sobre a visão do seu futuro.
Descreva sua visão ou faça uma simples lista daquilo que você gostaria de experimentar no futuro;
Descreva sua realidade atual ou faça uma simples lista daquilo que você não gosta ou não faz parte de sua visão de futuro;
Descreva um plano simples para atingir sua visão e eliminar aquilo que você prefere que não permaneça em sua realidade.
2º Passo: Repita o passo anterior, junto com os seus parceiros.
3º Passo: Compartilhe sua visão primeiro com as pessoas chaves, depois com as demais pessoas envolvidas.
4º Passo: Comprometa-se com sua visão e inicie sua jornada.
Lembrete: Aquilo que você percebe hoje, advêm de escolhas que você fez ontem, assim como amanhã você experimentará os frutos de suas escolhas atuais.

Eventuais obstáculos, como dádivas, existem somente para valorizar suas conquistas.
Luciano Carvalho
Consultor de Empresas
lucianofc@uol.com.br

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