(...) O homem, segundo o grande filósofo grego Aristóteles, cuja obras eu traduzi para a nossa língua, é um animal político. Permiti-me só mais uma digressão: como será maravilhoso o dia em que a mente estreita dos beatos da cúria papal chegar a compreender esta verdade simples e que, de fato, dispensa explicações!
Enquanto o animal político, o homem civilizado procura evitar a guerra. Chamamos esse processo de diplomacia. A propósito, é um erro comum supor que a diplomacia só pode ser praticada entre dois Estados ou reinos civilizados. O que vos contarei sobre Artur demonstrará que esta convicção é uma falácia.
No entanto, a diplomacia falha com freqüência. Primeiro porque muitos homens são estúpidos e incapazes de reconhecer onde estão os seus melhores interesses.
Em quase todos os casos a guerra é evitável, se ambas as partes forem inteligentes e capazes de pensar racionalmente. Mas, é claro, esta conjunção é rara.
Enquanto o animal político, o homem civilizado procura evitar a guerra. Chamamos esse processo de diplomacia. A propósito, é um erro comum supor que a diplomacia só pode ser praticada entre dois Estados ou reinos civilizados. O que vos contarei sobre Artur demonstrará que esta convicção é uma falácia.
No entanto, a diplomacia falha com freqüência. Primeiro porque muitos homens são estúpidos e incapazes de reconhecer onde estão os seus melhores interesses.
Em quase todos os casos a guerra é evitável, se ambas as partes forem inteligentes e capazes de pensar racionalmente. Mas, é claro, esta conjunção é rara.
Além disso, há outras ocasiões em que à diplomacia falha porque as duas partes em disputa têm opiniões ou interesses inconciliáveis. Para tais casos não há remédio a não ser a força. E por isso pode-se afirmar que toda sociedade tem como alicerce a morte dos homens. (...)
Pág. 154-155
(...) existem dois tipos de coragem, meu príncipe. Existe a coragem que brilha nos momentos de perigo, a coragem que aparece sem refletir, como simples resposta natural à urgência do momento. E embora eu diga “simples resposta natural”, não devereis pensar que eu queira diminuir esse tipo de coragem, pois falta a muitos homens, e o homem que é bravo na hora do perigo deve ser merecidamente admirado.
Mas o outro tipo de coragem é ainda mais raro. É a coragem fria, que permite ao homem encarar a realidade, contemplar a adversidade e não se intimidar. É uma coragem obstinada, criteriosa, que permite ao homem persistir quando tudo à volta desmorona. E essa coragem Artur também possuía. (...)
Pág. 215
(...) Artur aproximou-se do exército saxão que observava, espantado.
Ao ver o Rei, e sabendo que era ele, Artur desmontou, entregou as rédeas do cavalo a Garaint e aproximou-se do rei saxão, uma cabeça mais alto do que ele.
Mas Artur viu que o Rei se mantinha com dificuldades e presumiu que estivesse fraco de fome.
- Eu sou o Rei Artur – disse – Saudações.
Ethelbert olhou-o de cima para abaixo e viu aquele rapaz esguio que lhe sorria como se fosse um amigo ou camarada.
- No momento somos iguais – disse Artur – Eu me coloquei sob vosso poder. Mas o vosso exército está condenado. Sei que ele está fraco devido à fome e a febre, e que não podeis avançar nem bater em retirada.
Fez uma pausa e olhou para o velho legionário, para que este pudesse traduzir o que dissera. Mas para sua surpresa, o próprio Ethelbert respondeu prontamente, falando um latim que, embora gramaticalmente imperfeito, pois amputava as terminações dos casos, era facilmente compreensível.
- O que dizes é verdade, Artur. Estais em meu poder. Eu poderia vos matar com um golpe de minha espada.
- Sim, é verdade – disse Artur, ainda sorrindo.
- E, de fato, meu exército está enfraquecido. Porém quanto mais distante a probabilidade da vitória, maior a bravura com que o meu povo costuma lutar. É bom morrer como guerreiro.
- Mas é melhor viver na amizade. - disse Artur.
Pág. 154-155
(...) existem dois tipos de coragem, meu príncipe. Existe a coragem que brilha nos momentos de perigo, a coragem que aparece sem refletir, como simples resposta natural à urgência do momento. E embora eu diga “simples resposta natural”, não devereis pensar que eu queira diminuir esse tipo de coragem, pois falta a muitos homens, e o homem que é bravo na hora do perigo deve ser merecidamente admirado.
Mas o outro tipo de coragem é ainda mais raro. É a coragem fria, que permite ao homem encarar a realidade, contemplar a adversidade e não se intimidar. É uma coragem obstinada, criteriosa, que permite ao homem persistir quando tudo à volta desmorona. E essa coragem Artur também possuía. (...)
Pág. 215
(...) Artur aproximou-se do exército saxão que observava, espantado.
Ao ver o Rei, e sabendo que era ele, Artur desmontou, entregou as rédeas do cavalo a Garaint e aproximou-se do rei saxão, uma cabeça mais alto do que ele.
Mas Artur viu que o Rei se mantinha com dificuldades e presumiu que estivesse fraco de fome.
- Eu sou o Rei Artur – disse – Saudações.
Ethelbert olhou-o de cima para abaixo e viu aquele rapaz esguio que lhe sorria como se fosse um amigo ou camarada.
- No momento somos iguais – disse Artur – Eu me coloquei sob vosso poder. Mas o vosso exército está condenado. Sei que ele está fraco devido à fome e a febre, e que não podeis avançar nem bater em retirada.
Fez uma pausa e olhou para o velho legionário, para que este pudesse traduzir o que dissera. Mas para sua surpresa, o próprio Ethelbert respondeu prontamente, falando um latim que, embora gramaticalmente imperfeito, pois amputava as terminações dos casos, era facilmente compreensível.
- O que dizes é verdade, Artur. Estais em meu poder. Eu poderia vos matar com um golpe de minha espada.
- Sim, é verdade – disse Artur, ainda sorrindo.
- E, de fato, meu exército está enfraquecido. Porém quanto mais distante a probabilidade da vitória, maior a bravura com que o meu povo costuma lutar. É bom morrer como guerreiro.
- Mas é melhor viver na amizade. - disse Artur.
- Ethelbert ficou em silêncio. Olhou para trás, para o seu exército. Olhou para as colinas, onde o exército dos romanos permanecia em posição de combate.
- É possível haver amizade entre saxões e romanos? – indagou.
- É sempre possível haver amizade entre homens de coragem – respondeu Artur.
- É possível haver amizade entre saxões e romanos? – indagou.
- É sempre possível haver amizade entre homens de coragem – respondeu Artur.
Deu um passo adiante, colocou as mãos nos ombros de Ethelbert, aproximou-se, e os dois Reis se abraçaram. Por um momento Artur achou que Ethelbert resistia, mas depois relaxou, como alguém que se entrega ao destino. E um grito de júbilo ergue-se de ambos exércitos, ecoando pelas colinas circundantes.
Artur ouviu aquele grito de júbilo e afastou-se de Ethelbert, dizendo:
- Parece que os homens de coragem de ambos os exércitos deram a resposta à vossa pergunta.
Págs. 225 – 226
Artur ouviu aquele grito de júbilo e afastou-se de Ethelbert, dizendo:
- Parece que os homens de coragem de ambos os exércitos deram a resposta à vossa pergunta.
Págs. 225 – 226
Trechos extraídos do livro: Rei Artur
Massie, Allan, 1938-
Rei Artur / Allan Massie; tradução de Laura Alves e Aurélio B. Rebello. – Rio de janeiro: Ediouro, 2004.
Tradução de: Arthur, The King.
Massie, Allan, 1938-
Rei Artur / Allan Massie; tradução de Laura Alves e Aurélio B. Rebello. – Rio de janeiro: Ediouro, 2004.
Tradução de: Arthur, The King.
Um comentário:
Oi!
Apenas elogios: muito legal os textos que vc expôe... Adoro Pablo Neruda...
Então ta!
Inté
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