Um pouco de história...
Com a grande crise econômica nos Estados Unidos, Chaplin em 1939 começa a escrever o roteiro de The Great Dictator ( O Grande Ditador ), sofre pressão de agentes diplomáticos alemães de organizações fascistas norte-americanas e renuncia ao filme temporariamente, mas não desistindo. Em outubro de 1940 estréia finalmente o filme “O Grande Ditador” e Chaplin é acusado pelo Comitê das atividades anti-americanas.
Em 1941, com a agressão alemã contra a URSS, Chaplin discursa em São Francisco para um Comitê de Socorros à URSS.
Após o término da 2ª Grande Guerra Mundial, o Deputado John Rankin solicita a expulsão de Chaplin dos Estados Unidos, por ter apoiado a União Soviética durante a guerra. Em dezembro, depois de um artigo seu " Declaro Guerra a Hollywood ", a Imprensa norte-americana protesta e acusa Chaplin de comunista e anti-americano, exigindo sua deportação.
Em setembro de 1952, Chaplin parte com a família para Londres, devido às acusações nos Estados Unidos.
Abaixo segue na íntegra o discurso feito por Chaplin no filme “O Grande Ditador”.
Com a grande crise econômica nos Estados Unidos, Chaplin em 1939 começa a escrever o roteiro de The Great Dictator ( O Grande Ditador ), sofre pressão de agentes diplomáticos alemães de organizações fascistas norte-americanas e renuncia ao filme temporariamente, mas não desistindo. Em outubro de 1940 estréia finalmente o filme “O Grande Ditador” e Chaplin é acusado pelo Comitê das atividades anti-americanas.
Em 1941, com a agressão alemã contra a URSS, Chaplin discursa em São Francisco para um Comitê de Socorros à URSS.
Após o término da 2ª Grande Guerra Mundial, o Deputado John Rankin solicita a expulsão de Chaplin dos Estados Unidos, por ter apoiado a União Soviética durante a guerra. Em dezembro, depois de um artigo seu " Declaro Guerra a Hollywood ", a Imprensa norte-americana protesta e acusa Chaplin de comunista e anti-americano, exigindo sua deportação.
Em setembro de 1952, Chaplin parte com a família para Londres, devido às acusações nos Estados Unidos.
Abaixo segue na íntegra o discurso feito por Chaplin no filme “O Grande Ditador”.
O IMPERADOR DO MUNDO
Desculpem, mas não quero ser imperador. Não entendo disto. Não quero governar nem conquistar ninguém. Gostaria de ajudar todo mundo se possível, judeus, nativos, pretos e brancos. Todos queremos ajudar uns aos outros.
Os seres humanos são assim. Queremos viver para a felicidade, não para a infelicidade. Não queremos odiar, desprezar uns aos outros.
Neste mundo existe lugar para todos e a Terra é rica, e pode muito bem alimentar a todos. Os caminhos da vida podem ser livres e lindos. Mas nós perdemos este caminho. A cobiça envenenou a alma dos homens, ergueu uma barreira de ódio ao redor do mundo. Nos atirou dentro da miséria e também do ódio.
Desenvolvemos a velocidade mas nos fechamos em nós mesmos. As máquinas que trouxeram mudanças nos deixaram desamparados. Nossos conhecimentos nos deixaram cínicos. Nossa inteligência duros e impiedosos. Nós pensamos demais e sentimos muito pouco. Mais do que maquinaria nós precisamos de humanidade. Mais do que inteligência, precisamos de bondade e compreensão. Sem estas qualidades a vida será violenta e estaremos todos perdidos.
O aeroplano e o rádio nos aproximaram uns dos outros. A própria natureza desses inventos demonstra a graça divina no ser humano, exigindo uma fraternidade universal para a unidade de todos nós. Mesmo agora a minha voz está chegando a milhões em todo o mundo. Milhões de homens desesperados, mulheres e crianças. Vítimas do sistema que obriga o homem a torturar e aprisionar gente inocente. Para aqueles que podem me ouvir, eu digo, não se desesperem.
A infelicidade que se abateu sobre nós, é conseqüência apenas da cobiça. Da angústia do homem que teme os caminhos do progresso humano. O ódio dos homens irá passar. Os ditadores morrerão. E o poder que eles usurparam do povo retornará então para o povo. E embora o homem morra, a liberdade jamais perecerá.
Soldados, não se entreguem a esses brutos. Homens que desprezam vocês, escravizam, governam suas vidas. Dizem o que devem fazer, o que pensar, o que sentir, que os conduzem, determinam o que comer, os tratam como gado e como bucha de seus canhões. Não se dediquem a esses homens antinaturais. Homens máquinas, com máquinas no cérebro e no coração. Vocês não são máquinas, não são gado. São homens, tenham amor pela humanidade em seus corações. Não odeiem. Só quem não é amado tem a capacidade de odiar.
Soldados, não lutem pela escravidão. Lutem pela liberdade.
No capitulo 17 de São Lucas está escrito “o Reino de Deus está dentro do ser humano”, não num homem, nem num grupo de homens mas em todos os seres humanos. E vocês do povo têm o poder. O poder de criar máquinas. O poder de criar a felicidade.
Vocês do povo têm o poder de fazer esta vida livre, linda e também de transformar esta vida numa maravilhosa aventura.
Então, em nome da democracia, vamos usar este poder. Vamos todos nos unir, lutar por um novo mundo. Um mundo decente que dará ao ser humano chance para trabalhar, que dará a juventude um futuro e aos idosos tranqüilidade.
Prometendo estas coisas, muitos têm subido ao poder. Mas eles mentem. Eles não cumpriram essas promessas. Jamais cumprirão! Os ditadores querem liberdade para eles mesmos, mas escravizam o povo. Agora vamos lutar para libertar o mundo. Para abrir as fronteiras nacionais eliminando a cobiça, o ódio e a intolerância. Vamos lutar por um mundo sensato, um mundo onde a ciência e o progresso levem a felicidade para todos os seres humanos.
Soldados, em nome da democracia devemos nos unir.
Hannah, pode me ouvir. Onde estiver olhe para o Alto. Para o Alto. As nuvens estão desaparecendo.
O Sol está despontando, estamos saindo da escuridão para a Luz. Estamos caminhando para um novo mundo. Um mundo melhor onde os seres humanos se elevarão acima de seu ódio, de suas cobiças, e brutalidade. Olhe para o Alto, Hannah.
À alma dos seres humanos foi dado asas e finalmente ele está começando a voar. Estão voando para o arco-íris. Para a Luz da esperança, para o futuro. O futuro glorioso que pertence a você, a mim e a todos nós.
Olha para o Alto, para o Alto!
Charles Chaplin, em “O Grande Ditador”, 1940
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